quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Tarde em espera


Hoje fui às compras. Comprei um Turner na minha janela. Enquanto espero, seco os cabelos, sento-me numa cadeira. "Em que hei de pensar?", diria Fernando Pessoa*. Observo a tarde que esmaece. Suas cores, nem sei de tão belas. O céu parece convidar a olhar. Hoje posso ver cada detalhe das nuvens que não se incomodam com o devagar do vento. Agora vejo as figuras que formam, pois há muito só as imaginava. Nem sei mais quanto tempo já faz. Seja por causa dos olhos ou do tempo, ou da falta deles. Hoje não me faltam mais. Mas anseio pela falta de tempo. Não gosto do efeito que sua sobra faz. Mas quando o tempo sobra, razão há. É só procurar, principalmente no futuro, a explicação. Mas não vivemos mais de explicações. Nem a ciência, quase. A questão é solucionar o caso. E isso, hoje, significa aprender a esperar. Consolando-me, parafraseio uma citação que o Marcelo Jabour faz em seu poema "Lascas", e digo: quando se está pronto para agir, difícil é fechar o olhos e sonhar.

*No poema "Tabacaria", de Álvaro de Campos.

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