Hoje
fui às compras. Comprei um nome científico para a doença cuja prima – já bem
conhecida – atinge o corpo, silenciosa e traiçoeiramente. Esta também faz isso,
mas começa pela mente. Se tivermos sorte, talvez um dia possamos encontrá-la no
Wikipédia assim:
Diabesta
mallocus – Doença metafísica caracterizada por um aumento
da desorganização mental. A mente é a principal fonte de energia psíquica do
organismo, porém, quando essa energia se apresenta extraordinariamente
desorganizada, sem destinação nem esgotamento, pode trazer várias complicações.
É a capacidade psíquica que possibilita ao sujeito trabalhar sobre as emoções e
os sentimentos a partir das ações de seu intelecto. Entre os efeitos desse
desequilíbrio podem-se citar o excesso de agressividade – latente ou manifesta, a incapacidade de lidar com frustrações, problemas de relacionamento consigo
próprio e com os outros, no trabalho, no amor. Quando não enfrentada
adequadamente, o quadro pode evoluir produzindo “ataques de nervos”, histeria,
depressão, melancolia, lesões emocionais de difícil cicatrização e tratamento; além
de possivelmente transmissíveis. Embora não haja cura definitiva para o (a) Diabesta,
há vários recursos disponíveis que, se o sujeito tiver vontade e coragem pra
querer, possibilitam mais qualidade de vida. É uma doença bastante comum, mas
muitos pacientes desconhecem ou negam a possibilidade de serem portadores desse
mal-estar que afeta muito mais que a si mesmos.
p.s. A foto e o sobrenome mostram que a Diabesta manifesta-se também através do solo sobre o qual se assenta uma sociedade com alta taxa de infestação. Nele, as lesões sorrateiras incluem os escorregamentos; as lesões oclusas, a contaminação e extermínio das nascentes. Isso tudo acontecendo no fundo dos lotes, no fundo dos vales, no fundo do intelecto já tão parcelado e desmembrado desse sujeito urbano que somos nós.
Bairro Paraíso, Belo Horizonte, 18-12-2013